História do Homem - História Transcrita parte 3 de 3


A história do homem parte três.

Esta é a nossa nova família, descendentes diretos de nossos árabes, dos pântanos do Golfo, entrando nos pântanos desconhecidos da Alemanha. Mas a terra em que estão entrando não esta vazia. Outros estiveram lá antes deles. O Neanderthal tinha sido mestre da Europa durante 250 mil anos.

Em 1856, no vale do Neander, na Alemanha, pedreiros estavam cavando na lama de um sítio recém explodido quando descobriram algumas costelas, partes de uma pélvis, alguns ossos do braço e ombro de um grande animal de aparência humana. Eles pensaram ser esqueleto de um urso.

Os cientistas mais tarde acreditaram que era um antigo selvagem do Norte que aterrorizava os exércitos humanos.

O profissão Karl (inint) é um expert no Neanderthal e seu mundo.

“Esse povo ficou conhecido como Neandertal. Eles se tornaram o centro do debate da evolução humana, sobre a possibilidade desse povo ter sido nosso ancestral ou eles terem representado uma estranha vinheta da evolução humana. Tenho aqui um crânio mais completo que foi achado no Valde de Neander na Alemanha. Este foi encontrado no começo do século passado, na França. Ele nos mostra a aparência do Neandertal na cabeça e na face. Há uma sombrancelha forte sobre as órbitas oculares. Toda face é puxada para a frente e há um nariz enorme. Não há queixo na mandíbula inferior. E agora achamos que os homens de Neandertal deviam ser adaptados ao frio. Eles evoluíram durante centenas de milhares de anos na Europa, sob condições mais frias do que as dos dias de hoje. E a forma do seu físico eram pequenos e troncudos e tinham muita força física. Esse nariz pode até fazer parte do mecanismo de respirar ar frio e seco. Muitas vezes eles são considerados brutamontes e sem inteligência, mas certamente não eram, eram totalmente humanos, seus cérebros eram tão grandes quanto os nossos. Acho que era uma espécie diferente da nossa, que era uma espécie muito parecida, uma espécie irmã que tinha ancestrais comum a nos, talvez há meio milhão de anos. Então, nessa base, o Neandertal era meio humanos. Eles estão dez vezes mais próximos de nós do que os chimpanzés.”

Se eles procriaram com os humanos modernos, seus genes desapareceram. Não há traço deles no nosso mundo.

Dez mil anos depois de nós, os Neandertais estavam extintos. Os humanos modernos eliminariam qualquer espaço de seus rivais e preencheriam o espaço que eles deixaram para trás. A razão para esse desaparecimento não é clara. Eles viveram juntos com o homem moderno por milhares de anos. Mas no final não devem ter se adaptado com rapidez ao mundo novo e seus rivais cheios de recursos.

Eles usavam seus corpos para se relacionarem com a natureza e os humanos modernos usavam o cérebro.

Os humanos modernos partiram para o vazio do Oriente Médio, e pela Rússia, se espalhando pela Europa.

Os cientistas acham que com esses homens vieram quatro linhagens de DNA mitocondriais, quatro netas de nossa Eva saída da África. Eles chegaram entre 45 e 10 mil anos atrás. Os europeus mais modernos podem traçar a sua linhagem até eles.

A tecnologia do Neandertal pouco havia mudado em 200 mil anos. Assim que os humanos modernos chegaram, toda uma gama de ferramentas diferentes apareceram de repente, assim como as ornamentações.

Os arqueólogos consideram esses ornamentos como uma marca definitiva dos humanos modernos, e o primeiro interesse por ornamentos durante os 5 milhões de anos de evolução.

“Aqui eu tenho um dente furado de um texugo, da cabana do Kent. E isso deve ter sido parte de um colar usado por alguém. E aqui um objetivo muito estranho que nem nós sabemos o que é. Pode ser a representação de uma coruja ou de um gato. E aqui a mais famosa das estatuetas da República Checa, feita de barro cozido com 27 mil anos de idade. Tinha um sítio de Dolní Vêstonice. É uma linda peça de artesanato. Muitos desses objetos são pontudos na base como se tivessem sido fixados no chão. Alguns deles estão cobertos de ocre e alguns deles foram certamente polidos pelo uso talvez de muitas gerações. Então esses objetos eram valiosos e venerados e é óbvio que tem um significado ritual e simbólico para o seu povo, talvez um significado religioso. E aqui, uma das peças de arte mais delicadas, e isto foi esculpido num material muito difícil de trabalhar. Veio de um sítio francês, é uma representação muito bonita de uma cabeça de um guerreiro, parece ser uma mulher de cabelo comprido ou um chapeu de tecido. Este realmente é um trabalho muito delicado e bonito. É difícil dizer por essas representações se elas são representação de pessoas reais ou se elas são de alguma forma idealizadas para representar alguma forma de beleza ideal. Em alguns casos eu acho que nosso dados nos permitem sugerir que foram baseados em pessoas reais. Outra coisa que encontramos com esse povo moderno da Europa é a chegada da evidência de roupas. Aqui está uma das evidências mais diretas, o fato de termos uma agulha de osso aqui. Então essas pessoas estavam costurando panos, costurando peles, com evidência de estarem tecendo panos. Então este é um outro nível de complexidade que daria a eles uma escala maior de adaptação ao clima. Por exemplo, é claro, maiores oportunidade de expressão pessoal, em coisas como a moda, que viria a se desenvolver, e vemos isso dentro de alguns sepulcros, e as pessoas foram enterradas com trajes, que em alguns casos foram cobertas com milhares de contas. E cada uma dessas contas representam horas e horas de trabalho, então temos uma evidência de uma riqueza real e uma complexidade de vida que não encontramos com um Neandertal. Temos aqui o entalhe de um mamute, numa presa de mamute de um sítio francês que tem 15 mil anos de idade. Mas essas pessoas, os primeiros povos modernos, os cromagnon, não só entalhavam pedaços de ossos e presas. Eles também esculpiam e entalhavam e faziam modelos de barros. E é claro, eles pintavam as paredes de suas cavernas, e essa artigo tem pelo menos 35 mil anos. Eles representavam uma grande variedade de coisas, muitas vezes os animais que caçavam. E em alguns casos animais perigosos como leões e rinocerontes peludos. E em alguns casos nem reconhecemos as criaturas representadas. As criaturas parecem ser símbolos mágicos, criaturas imaginárias. E é possível que fossem utilizadas em cerimônias e ritos de iniciação. E possívelmente algumas delas tenham sido criados em um estado de transe, por xamãs ou mágicos.”

Humanos modernos foram mais longe possível através dos anos.

Atrás de nós deixamos claras pegadas genéticas que levam a aquela que saiu da África há 80 mil anos. O mundo está resfriando de novo. Quando a nova Era Glacial começou, os humanos modernos tinham encontrado um lugar para morar a 16 mil quilômetros, do outro lado do mundo, e 6 mil anos depois, a invasão do Novo Mundo iria começar.

Nossa linhagem genética está agora espalhada em todas as direções. Da saída da África até a última fronteira remanescente da América, agora estamos caminhando para o Norte da Índia e Sudeste Asiático e China e a Leste das estepes mongois na Sibéria, convergindo para o Estreito de Bering, aquela frágil faixa de terra que une a Ásia à América.

A América é um quebra-cabeças pré-histórico. Por muito tempo os arqueólogos insistiam que ninguém tinha chegado até a América há 15 mil anos. Mas novas informações da trilha genética do DNA mostra nossos ancestrais americanos cruzando as terras de Bering, as pontes da Ásia, de 25 a 20 mil anos atrás. Esta é a última grande viagem para povoar o mundo, e todas as linhagens genéticas levam a um objetivo.

Estes são os primeiros americanos.

Há 25 mil anos, o mundo estava entrando numa das piores eras glaciais que tivemos de enfrentar. Em certos lugares o gelo tinha 5 quilômetros de espessura. Mas com o gelo que se fechava, surgia a última possibilidade de movimento, antes que ele bloqueasse a terra do Estreito de Bering até o Alaska, e o resto da América do Norte. Levaria mais 8 mil anos antes que se abrisse de novo.

“A razão pela qual sabemos que esses primeiros americanos chegaram, há 20 mil anos, é o fato de sabermos que tipo de fundadores mitocondriais eles trouxeram com eles da Ásia. Temos tipos na Ásia que são similares aos tipos americanos e portanto sabemos que tipos vieram para a América em oposição a aqueles que deveriam ter chegado à América. Então na média, os fundadores da América acumularam uma mutação. E já que conhecemos o índice de mutação de nosso sistema genético, a mitocôndria, é uma mutação para cada 20 mil anos. E nós sabemos que esses sistemas fundadores tenham evoluído na América há 20 mil anos, quando eles devem ter chegado”.

Na América do Norte, o grande lençol de gelo lauretiar, encobria as planícies centrais, destruía tudo por seu caminho, forçando nossos migrantes da costa Oeste para América do Sul. Se o gelo retrocedesse, poderíamos nos espalhar de novo pela terra liberada. Há evidências de povoamento no abrigo de pedra, no rio Ohio na Pensilvânia chamado Medal Croft.

“Medal Croft é muito importante para a história americana, porque data de 16 mil anos de acordo com as nossas pesquisas. E é por isso um dos primeiros sítios de americanos nativos a serem creditadas pelas autoridades, e combinam com as estimativas genéticas porque devem ter vindo vários milhares de anos antes disso, para poderem ter estado em Medal Croft. “

O doutor James (inint) levou um grupo de cientistas para o abrigo escavado.

“Quando encontramos, nós supusemos que não ia conter nenhum material cultural. Mas no final das contas havia uma variedade de artefatos e outras indicações da presença humana, muitos milhares de anos antes da estimativa para a época máxima da chegada de pessoas ao Mundo Novo. Espalhados por esta superfície e em ocupações mais profundas dentro e em torno dessas fogueiras, estão uma série de artefatos. Entre os mais notáveis estão fragmentos de lâminas como estes, e lâminas que foram quebradas destes fragmentos. O que é especial sobre esses itens é que eles foram manufaturados na maior parte por grupos paleoindígenas posteriores das Américas e tem uma semelhança impressionante com lâminas da China do Norte que tem entre 28 e 29 mil anos de idade. Moldes desses materiais podem estar perdidos em coleções da China e você não saberia diferenciá-los. O que as evidências de Medal Croft nos sugere é que junto com os dados das séries de sítios emergentes na América do Norte, não houve uma única migração de seres humanos para o Novo Mundo, como vinha sendo postulado nas últimas décadas, mas em vez disso, uma série de culturas e emanações “.

Assim, múltiplas entradas são agora estabelecidas como padrão para a migração americana. Os primeiros colonos traziam muitas linhagens genéticas. Eles vinham da Sibéria, China, Ásia Central e mais ao Sul, como Malásia e Japão.

Em 1996, um esqueleto conhecido como “o Homem de Kennewick” foi descoberto no rio Columbia no Estado de Washington. Quando foi levado para (Chim Charter), o antropólogo forense, ele primeiro acreditou que os restos eram de um pioneiro do século 19. Ficou surpreso quando a datação de carbono-radioativo revelou que ele tinha 9 mil e 500 anos de idade, era o esqueleto mais antigo já encontrado na América do Norte.
Mas o que realmente intrigou Charters, foi que apesar de sua idade, o Homem de Kennewick não se parecia com os americanos nativos modernos. O seu crânio era caucasoide e não mongol, e a reconstrução de seu rosto mostrou distintas similaridades com os ainu, que viveram no Norte do Japão.

“O homem de Kennewick era um indivíduo muito machucado com múltiplas fraturas na costela e também no braço esquerdo ferido. E tinha ferimentos no crânio, tinha artrite no pescoço, nos joelhos e nos cotovelos. Ele já havia sofrido um bocado. Mas o que era mais distinto sobre ele, o ferimento mais interessante, eu acho, do ponto de vista forense, era uma ponta de lança encravada na pélvis. Na verdade, foi isso que nos levou a datar os ossos por carbono radioativo. E o que pode ser visto é uma janela ovoide de cada lado do osso. Mas quando escaneamos, vemos que tem uma lâmina serrilhada de 5 centímetros de comprimento, 2 e meio de largura e meio de grossura.

“O que é interessante para essa ponta de lança é que tem um estilo que vemos somente após a morte desse homem no Estado de Washington. Podemos ver esse estilo se movendo pela costa da Columbia britânica, chegando em Washington há mais ou menos 10 mil anos, ou até 9 mil anos, e isso em anos de carbono radioativo. As pessoas que usavam essas pontas de lança, as que tinham esse estilo de ponta de lança numa época posterior são muito similares aos índios americanos modernos.

“Você pode confundir um crânio de um índio americano facilmente no meio da multidão. Então o que parece é que nós temos uma nova população que vem chegando com características do Nordesteda Sibéria e começando a substituir os imigrantes que chegaram antes. O que isso sugere de uma maneira mais ampla é que havia algum tipo de conflito acontecendo. Seria um conflito pessoal, alguém estava com raiva dele por causa de uma banalidade? Ou seria um conflito por causa de territórios entre populações rivais que tinham acabado de entrar em contato uma com a outra? E o fato de ocorrer a época de chegado das novas populações e o fato do Homem de Kennewick ter aparência diferente das novas populações, ambos sugerem que há uma rivalidade que está ocorrendo por causa de território.

“Então pelo ângulo de entrada da ponta de lança, fica bem claro que ela estava indo direito para ele, e ele podia vê-lá chegando.

O professor Charles acredita que o Homem de Kennewick tenha morrido de hipotermia e afogado. E desde a morte do Homem de Kennewick, a população do humano moderno cresceu de milhares para milhões.

E nós avançamos de caçadores e coletores primitivos para fazendeiros e comerciantes, povo do vilarejo e de gente da cidade, e de domínios tribais para impérios.

Em cinco mil gerações nós chegamos ao mundo que conhecemos hoje.

Desde os anos 80, amostras de DNA foram tiradas de milhares de pessoas de todo o mundo, do Alasca até a Nova Zelândia, dos Inuits até os islandeses. Analisando-as, os cientistas podem traçar as similaridades entre os códigos pessoais e ver que povos são os parentes mais próximos. Todos os indivíduos podem checar o seu DNA mitocondrial e traçar as rotas que seus ancestrais tomaram pelo mundo, da África até cada canto do mundo.

Em Chicago tomamos cinco pessoas que estão rastreando a sua árvore mitocondrial. Depois de analisar seus códigos de DNA, os cientistas descobriram uma conexão extraordinária entre uma grega e um índio americano.

Angela Trakis é uma grega que veio para os EUA.

Leonard Mariteri é um índio americano, um Krieuk de sangue puro.

São ambos do mesmo pequeno e raro ramo de nossa árvore genealógica e compartilham um ancestral comum 30 mil anos atrás, talvez da Sibéria do Sul. Ao povoarem o mundo vazio depois de deixarem a África, alguns humanos modernos foram para o norte, para a Rússia central. Lá, uma filha nasceu carregando um novo marcador ‘X’. Seus filhos se separaram e alguns foram para o Ocidente, para a Europa, e outros foram para o Oriente, da Sibéria para a América.

Trakis e Mariteri chegaram à América de lados opostos da Terra e agora se encontram pela primeira vez na América, a sua primeira reunião familiar em 30 mil anos de história evolutiva.

Mariteri: “Isso me deixa... né, me deixa muito impressionado”.

Trakis: “Bem, eu acho... muito interessante termos vindo da mesma linhagem, porque talvez assim, as pessoas parem de dar tanta importância das diferenças e talvez comecem a falar da pessoa comum. E talvez isso ajude as pessoas a serem mais tolerantes e amáveis. E talvez isso progrida. E seja mais relevante não apenas para a ciência, mas para a humanidade em geral. E é disso que precisamos hoje”.

Há 80 mil anos, um pequeno grupo de humanos modernos enfrentaram os terrores do Mar Vermelho e deixaram a África para sempre. Eles carregavam o futuro do mundo com eles. Há 10 mil anos, eles tinham penetrado em cada canto do globo, a mais incrível e importante viagem que já fizemos.

Pela primeira vez sabemos quem somos.

Sabemos de onde viemos.

Sabemos que somos as mesmas pessoas que nossos ancestrais inquietos e curiosos.

Mas chegamos ao fim de nossa migração, não há mais terras vazias para ocupar. A ciência diz que há uma corrente contínua que nos liga ao nosso passado e uns aos outros.

Todos compartilham a mesma herança genética de nossa Eva ancestral.

Talvez essa seja a mais importante mensagem que devemos carregar para o futuro.

((fim da transcrição)) 

Versão brasileira: Clone.

História Transcrita - A Origem do Homem parte 2 de 3

Parte II
A 10.000 quilômetros na África, a nossa família está no coração dos florestas tropicais do sudeste asiático. São os descendentes de Eva caçando nas florestas da Malásia perambulando em pequenos bandos, ficando num lugar tempo bastante para fazer a colheita da vida selvagem e depois continuando.
Seus corpos estão começando a se adaptar às condições da floresta tropical. Longe do impiedoso sol africano, suas peles se tornam mais claras, sua estatura  reduzida pela falta de carne. Como caçadores-coletores das florestas atuais, eles vivem de peixes, ratos, esquilos e lagartos, da caça que vive nas árvores, frutas e raízes. Eles se disfarçam e se camuflam para se adaptarem à folhagem e imitam o chamado dos animais para enganar a suas presas.
A vida na floresta é compartilhada com cobras venenosas, najas, pítons e animais predadores.
Existem poucas evidências arqueológicas claras da presença dos humanos modernos entre a saída da África e a chegada na Austrália ou de sua incrível migração. Não há crânios, esqueletos ou sepulturas.
O nível dos mares era mais baixo, então o que nossa família deixou para trás em suas viagens pela costa foi levado pelo mar.
A trilha genética é tudo que temos.
Só depois de chegarmos à Malásia é que novas evidências começam a preencher as lacunas.
A erupção do Grande Toba, na Sumatra, há 74.000 anos, foi a maior explosão ocorrida nos últimos 2 milhões de anos. A coluna de fumaça tinha 40 km de altura e mergulhou a maior parte do mundo em seis anos de inverno vulcânico.
O norte da Malásia, Índia e o Oriente Médio foram cobertos por um sudário mortífero de uma densa cinza vulcânica.

A explosão do Grande Toba, a mais mortífera dos últimos 2 milhões de anos, fornecem indícios positivos da jornada e da nossa família. Este é o grupo Seman, um tímido grupo coletor das florestas do da península do lago. Mais escuros do que os outros grupos étnicos malaios, eles fazem parte do grupo Oran-Asley. Stephen Oppenheimer  acha que eles podem ser os remanescentes da nossa família africana que passou por aqui há 74.000 anos.
E se nossos ancestrais passaram por aqui, na rota da África para a Austrália e Nova Guiné, é provável que tenham deixado um traço genético, e nós sabemos por pesquisas anteriores, que os Oran-Asley, entre outros grupos e tribos da Ásia e Malásia, estão entre os povos mais antigos que esta região. E os Semandes são provavelmente os mais antigos de todos.
Stephen Oppenheimer veio a este remoto no vilarejo coletar amostras de DNA. Ele  espera que isso que confirme a sua ideia.
Se a minha teoria estiver correta, de que eles saíram da África há 80.000 anos atrás, eles teriam que ter viajado 10.000 quilômetros para chegar aqui em 6000 anos, para poderem estar aqui da época da grande explosão do Toba. Isso significa um quilômetro e meio por ano, o que é totalmente viável para esse tipo de vida nômade de movimento pela costa. Para determinar se ele pertenciam ou não a aquele primeiro grupo que saiu da África, precisamos observar as suas linhagens genéticas e, em particular, o DNA mitocondrial, que provavelmente vai nos dizer se eles vêm ou não diretamente das duas filhas de Eva originadas logo depois da saída da África.
Se eles tiverem a suas próprias linhagens exclusivas, isso sugere que estiveram isolados desde aquela época, 70-80.000 anos atrás, e que se desenvolveram totalmente sozinhos. se descobrirmos, porém, que suas linhagem são anteriores ao dos povos como os australinos ou os papuanos, mais uma vez o nosso rastreamento genético vai nos ajudar a ver se é este o caso ou não.
A pesquisa genética pode provar que os Semangs são uma raça antiga, mas não pode provar desde quando estão aqui. Precisamos examinar outras provas para validar a teoria. Essas ferramentas rudimentares foram encontradas num vale chamado Kota Tampam perto de Penang. Existem outros sítios próximos com os mesmos tipos de ferramentas, o que torna estas particularmente interessantes é que elas estavam incrustadas num monte de cinzas de Toba datada de 74.000 anos.
A professora Zuraina Najid o estava procurando por rebites antigos quando do encontrou o sítio de Kota Tampam. O que a professora encontrou realmente foi uma oficina de ferramentas de pedra que pôde ser datada de 74.000 anos atrás.
A cinza cobriu o chão de trabalho. Essa cinza foi datada de 74.000 anos. Este é um martelo de pedra que eles usavam. Você pode ver, ele é bem confortável de segurar com uma mão, e essa é a borda que era usada. Este é um cortador, um tipo que é muito visto na Ásia e no sudoeste da Ásia. O que eles procuravam era o ângulo do fio. O ângulo do fio tinha que ser correto, tinha que ser afiado e ser usado para o serviço pesado. Tem uma borda afiada. Provavelmente era para derrubar as árvores.
Najid está convencida de que foram deixados pelo homem moderno.
Kota Tampam também revelou um homem que tinha uma mente  complexa. Sua tecnologia revela uma mente racional, sistemática e organizada. É a mente do Homo sapiens.
As ferramentas de Kota Tampam São fundamentais para estabelecer a idade do homem no sudeste asiático. São as primeiras evidências tangíveis que temos de toda a jornada da África até a Austrália. Combinadas com os testes genéticos de Stephen Oppenheimer elas podem ser as provas reais de nossa antiga migração.
Ele terá encontrado a prova de que precisava?
Pela primeira vez a arqueologia e a genética nos dão a mesma resposta desse ponto crucial de nossa viagem. Agora podemos ter certeza de que nossos ancestrais vieram por aqui há 74.000 anos.
Os resultados são muito animadores. Os Oran e o grupo Semang aqui tem suas próprias linhagens genéticas e exclusivas e poderiam estar naquela primeira viagem através das praias há 75.000 anos. Eles têm as suas próprias linhagens originadas das duas primeiras filhas de Eva fora da África e seguem o caminho até lá sem compartilhar com ninguém do sudeste asiático ou da Ásia.
Naquela época o nível dos mares era 50 m mais baixo. A maioria das ilhas do sudeste asiático era ligada numa única porção de terra do continente de Sundra.
Os sobreviventes do inverno vulcânico de Toba levam a nossa viagem a genética ao próximo grande passo, o continente desconhecido da Austrália.

160 km de mar infestado de tubarões no separam da Terra Nova (Austrália).
(O vídeo mostra: A travessia deve se ter dado em pequenas bolsas. Essas balsas, provavelmente, comportavam de quatro a seis pessoas e eram movidas a remo, feitas de bambu amarrado com cipós)
Este é o segundo grande êxodo da humanidade para a conquista do mundo, mas desta vez não havia os montes verdes do Iêmen para lhes dar o conforto de uma chegada segura.
(O vídeo mostra águas infestadas de tubarões, muitos de nossos ancestrais podem ter morrido e os que fizeram a travessia em jangadas de bambu devem ter lutado contra as feras do mar com suas lanças,  muitos deles devem ter caído de suas embarcações e terem sido devorados por tubarões)
Por que eles arriscaram tudo numa aventura tão perigosa, mesmo sem saber se iriam encontrar terra firme no final?
Alguns cientistas acreditam que eles saíram fora de curso e chegaram à costa desconhecido por acidente.
Mas novas pistas das evidências genéticas dizem que não. Elas mostram que os aborígines australianos têm diversas linhagens exclusivas a eles, que levam diretamente às primeiras filhas de nossa Eva que haviam saído da África.
Tantas linhagens carregadas por tantas mulheres, chegando num tempo tão curto, sugerem uma inversão deliberada e não deve se tratar de uma incursão acidental.
O primeiro grupo chegou há 70.000 anos atrás e outros se seguiram nos 5.000 anos seguintes, todos descendentes de nossa Eva saída da África.
Estas foram as primeiras pessoas a andarem neste continente vazio. Eles não queriam perturbações por milhares de anos.
A Austrália, onde eles entraram, era o lar de criaturas gigantes o que chamamos de megafauna, de cangurus de 3 m de altura e tartarugas do tamanho de um automóvel. Um deles era um pássaro gigante que não voava. As pinturas nas cavernas desse mundo desaparecido foram datadas de 61.000 anos, mas de repente, 10.000 anos depois, essa criatura fantástica e todas as outras da megafauna foram extintas.
O clima não se alterou, não há grandes sítios de matança que indiquem caça excessiva, mas os humanos mudam o mundo aonde quer que estejam. Essa extinção repentina é prova da presença deles: parece que os nossos ancestrais tenham destruído o habitat esses grandes animais, que simplesmente morreram.

Mas nem todos aceitam a teoria de uma só saída através da África. Este leito de lago seco é um dos lugares onde a teoria pode se desintegrar.
Apesar da combinação da arqueologia e da trilha de genes através da Malásia, o crânio encontrado em Mungo Man III é a peça-chave no quebra-cabeças. Quando ele foi encontrado, a terra em torno dele foi datada de 62.000 anos. Quando os ossos foram testados, o DNA não combinava com ninguém em lugar nenhum do mundo.

Mungo Man
Para aqueles que não acreditam na teoria da saída da África, esta parece ser a prova de que os humanos modernos evoluíram em lugares diferentes do mundo, até as pessoas que nós somos hoje. Mas outros cientistas como o professor Christopher Stringer têm dúvidas.
Existem muitos problemas em se extrair o DNA de um esqueleto de 60.000 anos de idade. Então o DNA recolhido pode ser que esteja contaminado, e nós não temos certeza disso. Mas mesmo que seja genuíno, outras análises mostram que de fato ele pode ser muito bem derivado de um ancestral saído da África. Então, a prova Mungo tanto dos ossos como o DNA, se for verdadeira, ainda apoia a recente origem africana de nossas espécies.
Os aborígines da Austrália são um povo antigo, mas eles não se parecem mais com os seus ancestrais que chegaram há tantos milhares de anos. Os seus corpos se adaptaram, passando todas aquelas características necessárias para sobreviver como caçadores e coletores num meio ambiente do severo do deserto. Por baixo da pele todos nós somos parecidos, nos mostra que nós viemos de uma variedade de genes muito pequena.

Se você olhar o DNA de todos nós, australianos, africanos, europeus... Descobrimos que se compararmos o DNA mitocondrial de todos nós, mostramos menos variação, embora haja seres humanos espalhados por todo o mundo, mostramos menos variação no DNA mitocondrial, no que encontramos num pequeno grupo de chimpanzés ou orangotangos, ou gorilas. e esses macacos mostram mais variação em seus pequenos grupos do que toda a raça humana.
Mas se todas as pessoas do mundo inteiro descendem de uma variedade de gêneros tão pequeno pequena, por que temos uma aparência tão diferente?
A seleção natural e a adaptação ao meio ambiente são os fatores mais importantes. A seleção sexual é fundamental. O clima dita o formato do corpo. Quanto mais frio o ambiente, menor e mais o troncudo você se torna para manter o calor. A altura tem relação com a dieta. Os asiáticos diminuíram quando o arroz tomou o lugar da carne como a principal dieta e eles estão crescendo de novo com a carne retornando para a sua dieta. Ninguém sabe porque os asiáticos têm as suas pálpebras características. Poderiam ter sido desenvolvidas como proteção contra o frio? Ou essa seria a norma? a maioria dos fetos as possuem mas desaparece no nascimento. A mais óbvia e impressionante diferença é a cor da pele. E isso também é faz parte de nossa herança genética.
Mira Jablonski, uma das principais cientistas que pesquisam a evolução da cor da pele estava trabalhando na importância do ácido fólico no desenvolvimento fetal, quando encontrou, por acaso, a resposta.
Eu comecei a pesquisar a evolução da cor da pele depois de preparar uma palestra para uma aula há mais de dez anos. Foi interessante me preparar para a aula, e me dei conta de que se sabia muito pouco sobre a evolução da cor da pele, e o que se sabia não era muito convincente. Eu descobri um trabalho interessante quando estava preparando o aquela palestra, que mostrava que havia uma interessante e importante relação entre a radiação ultravioleta que uma viu molécula chamada folan.
O ácido fólico é fundamental para o desenvolvimento embrionário, e muita radiação ultravioleta pode destruí-lo. Então, nossos ancestrais na África tropical precisavam ser escuros para sobreviver. Mas a falta de ultravioleta impede a formação de vitamina D, causando raquitismo, que pode matar.
Assim, quando eles ligaram para o norte sem sol, eles tiveram que ficar mais pálidos para poderem sobreviver. Ela descobriu uma equação evolucionária muito simples.
Quando nós observamos o padrão da pigmentação entre os povos indígenas de hoje, vemos gente muito escura nas regiões equatoriais e pessoas mais claras ao nos aproximarmos dos pólos. E acontece que a melanina, protetor solar natural, é muito bom para bloquear a radiação ultravioleta. De certa forma é bom demais. E, para que nós possamos fazer produzir vitamina D suficiente em nossas peles, precisamos reduzir a quantidade de melanina que existe na pele. E assim o que vemos no curso da história de nossa espécie quando nós nos movemos de uma área de alta radiação ultravioleta para uma de baixa radiação ultravioleta, nossa pele se torna cada vez mais pigmentada.
Ela calcula que leva mais ou menos 20.000 anos para transformar o preto em branco. Tudo o que distingue a cor das pessoas são pequenas diferenças  genéticas acontecidas há muito tempo.
Em 50.000 anos a raça humana se espalhou pela maior parte dos mundo oriental, da África até a Índia. Descendo para a Ásia e através do mar para a Austrália. Na maior parte desse tempo o homem esteve preso numa era glacial feroz. Lençois de gelo cobriam a maior parte do mundo norte, cercando os mares e aumentando os desertos. Mas o clima estava começando a mudar, e novas jornadas podiam começar.

Durante a migração pela costa da África até a Austrália, nossa família deixou para trás colônias que fizeram novas jornadas por si mesmas. Um grupo pegou o caminho através da Ásia, até a China e além dela. Outro foi do Norte da Índia, passou o Himalaia, até as vastas estepes asiáticas e outro ficou aqui no Golfo Pérsico. Grandes lagos de água doce permitiram que os nossos familiares, vindos da África, colonizassem esses bolsões de vegetação luxuriante e cercados pelo deserto.
Uma ocupação contínua ocorreu por aqui por mais de 30.000 anos. Seus ossos e artefatos submergiram com a alta do nível dos mares.

50.000 anos antes de nós
Há mais ou menos 50.000 anos, as linhagens genéticas começaram a se espalhar pela primeira vez para o norte até a Europa.
Mas a época foi sempre um quebra-cabeças.
Se os humanos modernos foram capazes de alcançar a Austrália há 70.000 anos, por que só foram chegar para a Europa há 50 mil anos? E é uma viagem bem mais curta e Stephen Oppenheimer acha que tem a resposta.
Acho que a resposta para essa pergunta é que eles ficaram presos, não foram capazes de ir até o oriente próximo para Isral e o Líbano, porque havia um grande deserto no meio. Esse deserto era o da Arábia Saudita e o da Síria, e entre 80.0000 e 50.000 anos atrás, eles eram completamente impenetráveis. O clima era tão seco, que o Crescente Fértil, a rota do golfo até o Líbano, Israel e a Europa, estavam fechados. Então, 50.000 anos atrás, houve uma melhora repentina no clima.  
Houve muita e muita chuva.
Depois de séculos de dominação pelo deserto, as chuvas vieram e as monções aumentaram na Arábia e na Índia, e o Crescente Fértil se abriu. Os rios e a caça serpenteavam para o norte e nossas famílias de linhagens genéticas os seguiram.
Eles andaram para o norte do Golfo Pérsico dentro do Crescente Fértil, seguindo os filhos entre as montanhas e as árvores do deserto da Síria.
A ideia de que os europeus vieram do Norte da África é muito aceita, mas as provas de Stephen Oppenheimer não apoiam isso.
As evidências genéticas não apoiam isso de jeito nenhum. Não há evidências de ramificações anteriores. Na verdade, apenas uma das ramificações principais das pessoas que existem no mundo é encontrada na região europeia. é claro que isso frustra muitas opiniões sobre as origens dos europeus, e nos obriga a considerar o fato de que os europeus eram parte de uma única família que saiu da África através da rota do Sul. Essa nova evidência genética vai reescrever a pré-história europeia.
Essas famílias  fundaram as primeiras colônias de humanos modernos e no Oriente Médio, na Síria e no Eman. É uma terra que se estende entre os rios Tigre e Eufrates, 2 rios correndo das terras altas, da Turquia ao norte, até o Golfo. Aqui, mais tarde, eles aprenderiam como cultivar colheitas, cuidar de animais e se tornariam os primeiros fazendeiros.
Os rios fornecem água para irrigar as colheitas, havia abundância de peixe e madeira para construir barcos. E madeiras cresciam em abundância, e milhares de séculos mais tarde os seus descendentes construiriam as primeiras estruturas de pedra que se tornariam depois as cidades da Mesopotâmia: Uruk e Suméria, ao sul e as cidades muradas da Babilônia e de Jericó.
E demos os primeiros passos para as grandes civilizações que desenvolveriam a escrita, a guerra e fundariam grandes impérios, todos diretamente ligados ao grupo genético que tinha saído da migração da África há 80.000 anos. Durante essa época houve também a explosão de novas tecnologias, as ferramentas de pedra e lanças que os humanos modernos manufaturaram se tornaram mais leves e eficientes. As montanhas estavam cheias de caça e boas cassadas dão estabilidade. Da mesma forma  eles começam a estabelecer uma geografia fixa para locais de enterros e locais sagrados, cujo valor simbólico para a comunidade ajuda a criar definir o sentido de território duradouro.

No Líbano o sepulcro de uma criança moderna de doze anos foi encontrado e foi datado de 44.000 anos. Seu crânio estava quebrado e o corpo dele estava colocado delicadamente no abrigo de uma rocha. Desses pontos, essas famílias se espalhariam rapidamente para o Mediterrâneo, para o sul na costa da Síria até o norte da África, para cima até a Turquia atravessando os Bálcãs e indo para a Europa.

História Transcrita - A Origem do Homem Parte 1 de 3

A Eva Verdadeira

Introdução
Esta mulher é a mãe da humanidade, é a Eva genética de quem todos descendem. Ela viveu há 150.000 anos na África Oriental, e todos na Terra são descendentes dela.
Suas filhas e netas levariam os seres humanos modernos fora da África para povoar o resto do mundo, a mais incrível e importante jornada que a humanidade realizaria.

Rastreamento genético
O rastreamento genético, pela primeira vez, nos dá o mapa da rota de nossa jornada. Com ele nós podemos seguir as nossas famílias a partir de Eva, enquanto elas viajam por um mundo vazio, superam dificuldades e vão por caminhos diferentes para descobrir novas terras.
O rastreamento conta,  pela primeira vez, quem somos e de onde viemos, as questões mais profundas que atormentaram a humanidade desde que levantamos as nossas cabeças e nós olhamos para as estrelas.
Esta nova ciência é uma descoberta.
Cada um de nós pode traçar agora a nossa parte nessa história incrível. Retiramos amostras dessas pessoas de Chicago e nossos testes genéticos vão mostrar a elas como os seus ancestrais viajaram pelo mundo para chegar ao seu destino.

150.000 anos antes de nós
Há 150.000 anos o mundo estava passando por uma Era Glacial. As calotas de gelo avançaram e o nível dos mares caiu 120 m. A África do Norte é um vasto deserto com pequenas ilhas verdes e nessas ilhas estavam pequenos grupos de pessoas.
Esses são os primeiros humanos modernos, reconhecidamente como nós no físico, intelecto e habilidades.
Somos as mesmas pessoas que eles eram, o cego que pela primeira vez começou a lascar instrumentos de pedra e também nos levou até o espaço.
São caçadores-coletores vivendo em grupos muito espalhados, percorrendo grandes distâncias, abrigando-se sítio onde podem e coletando semente e frutas.

A caça
Há 150.000 anos, a caça era fundamental para a sobrevivência e isso explica muito sobre a forma como a raça humana se desenvolveu. A caça necessita de um pensamento cuidadoso, de planejamento, de cooperação e requer uma inteligência elevada e habilidades de comunicação.
A comida era dividida no acampamento, aproximando ainda mais o grupo.
Nossos ancestrais viviam uma vida complexa e sofisticada. Era culturalmente diferente da nossa, mas já com toda a capacidade de abstração de pensamento e necessidades familiares.
O rastreamento genético está começando a desvendar mais segredos do que acreditávamos ser possível.
Em apenas 7.000 gerações os humanos modernos deixaram a África e penetraram em todos os cantos do Globo.
E, através de uma linha genética contínua, nos ligando ao nosso passado, podemos começar a entender como é que isso aconteceu.
Os arqueólogos podem nos contar com detalhes surpreendentes como os humanos modernos viveram, eles criavam ferramentas com cuidado, entendiam as estações e sabiam quando a caça retornaria.
Eles estocavam matérias-primas que usavam depois e trocavam com outros grupos a centenas de quilômetros de distância. Eles entendiam claramente o conceito de passado e de futuro e enterravam os seus mortos.
Tudo isso nós sabemos pela arqueologia, das pedras e ossos nos sítios da África Oriental continuamente ocupada durante milhares de anos. Mas, para entender quem nós somos, e de onde nós viemos, precisamos olhar para a nossa herança genética.

Para Eva genética, a mulher da qual nós todos descendemos, não era a única mulher vivendo na época e nem a mais fértil, mas seus genes foram os mais bem sucedidos, e os únicos que sobreviveram.
Todos os que estão vivos, hoje, podem traçar uma linha ancestral comum até esta única mulher, através de uma parte especial de nosso DNA, o DNA mitocondrial.

DNA Mitocondrial
DNA, a planta da vida, é o nosso código molecular e nos se identifica de forma única. As mitocôndrias são pequenas estruturas encontradas dentro de quase todas as células humanas e são responsáveis pela respiração celular. São separadas do DNA  normal cromossomo que dita a nossa altura ou a cor de nossos olhos. Os homens o herdam de suas mães, mas não podem passá-los adiante. Nas mulheres, ele passa de mãe para filha até a última geração, quase inalterado.
E é desta forma que podemos traçar o nosso caminho de volta até a nossa Eva genética e as suas filhas. Então, dentro dele está escrita a história das mulheres do mundo e, portanto, da raça humana.
A professora Rebecca Kuhn, foi a cientista pioneira que descobriu a primeira vista fundamental.
“Comecei a trabalhar com o DNA mitocondrial humano para poder obter algum tipo de visão objetiva que me ajudasse a entender e a ajudar outras pessoas a entender como os seres humanos estão relacionados ao redor do mundo”. (Rebeca)
Com essa nova ciência, ela pôde. Mutações inofensivas ocorrem o tempo todo em alguma parte do DNA mitocondrial, deixando pequenos marcadores a cada mudança. Esses marcadores são como códigos de barra que podem ser lidos na mesma forma.
Rebeca e seu grupo descobriram que essas mudanças ocorrem com frequência bem constante. Eles descobriram que os grupos com os primeiros marcadores, eram os africanos vivendo dentro da África, e imaginaram se eles poderiam ser as pessoas mais antigas do mundo.
“Eu fiquei muito animada quando comecei a juntar as provas que os resultados todos iam contra toda a intuição. Eu coloquei vinte europeus e vinte afro-americanos numa folha de filme de raios-X e cada afro-americano apresentava diferenças e todos os europeus eram iguais. Achei que tinha colocado as etiquetas erradas e tinha cometido um erro, e nós continuamos a repetir e a repetir as coisas. Quando nós pegamos mais amostras de diferentes áreas, eu me dei conta de que havia uma diferença no padrão, e que esse novo tipo de prova baseado nas mitocôndrias, iria mudar o modo como encarávamos os humanos modernos”.
Em 1987 Rebeca e seus colegas publicaram um trabalho mostrando pela primeira vez que os marcadores se estendiam até a África mostrando claramente que aquele era o berço da raça humana. Um índio da Nova Guiné, um garção parisiense, um professor americano, um fazendeiro polinésio... Todos eram parentes improváveis ligados a uma mulher negra, 150.000 anos atrás.
Suas descobertas causaram sensação.
“As respostas das pessoas foram incríveis. O público estava realmente interessado em certos aspectos disso, por causa da tendência de interpretar mal os dados devido a terminologia utilizada para descrever essa mulher, ‘A Eva Africana’, e as pessoas achavam que significava a bíblica, a mulher da Bíblia judaico-cristã, a mulher de Adão”. (Rebeca)
O trabalho dela está escrevendo a história humana. Através dele nós sabemos agora que as primeiras mutações ocorreram na África, talvez há 150.000 anos, e pertencem à nossa Eva genética.
O professor Christopher Stringer, um eminente paleo-antropologista está britânico, esteve envolvido na datação dos crânios dos primeiros humanos modernos.
“Este crânio é o mais próximo que podemos chegar da aparência do rosto da Eva mitocondrial. É um crânio muito completo, encontrado em sedimentos de uma caverna, datados mais ou menos de 120.000 anos. E podemos ver aqui que é um humano moderno. Ele tem um arco bem arredondado no crânio e um rosto que fica bem embaixo do arco craniano”. (Christopher Stringer)
Essa era a aparência dela. Usando técnicas de reconstrução dos legistas, músculos e carne foram adicionados ao crânio e nos fornecem o primeiro olhar de como nossa mãe genética deveria se parecer, há 150.000 anos.
Isso é o mais próximo que podemos chegar dela.
Mas se todos nós somos descendentes dessa Eva mitocondrial, de onde ela veio? E quem eram os seus ancestrais? Toda uma linhagem de seres humanos começou a emergir há 13,5 milhões de anos atrás e lentamente  evoluiu até nós, o homem moderno. Mas nós não conseguimos rastrear antes de Eva geneticamente. Todas as linhas genéticas ancestrais morreram, a nossa árvore genealógica moderna começa com ela.

Mãe África
A África é o local de nascimento de todas as espécies humanas que vivem neste planeta. Esse vasto e isolado laboratório natural moldou humanos durante intermináveis ciclos de alternância entre deserto e vegetação, e são os registros climáticos que nos dão a próxima pista.
Os humanos modernos fizeram muitas tentativas de fazer a longa jornada para a saída da África, estabelecendo-se em diferentes partes do Velho Mundo, mas eles não sobreviveram.
Acho que as pessoas saíram da África por razões bem naturais. Eles saíam para encontrar comida, encontrar recursos, encontrar terra. Eles não estavam procurando novos continentes. Acabaram fazendo isso, mas no início era apenas um processo natural de se mudar e seguir, talvez, uma manada de animais, talvez as alterações climáticas causaram as migrações do Norte da África para as regiões adjacentes. (Stringer)
A luta contra o ciclo da seca e da cheia fez com que um grupo de caçadores-coletores se deslocasse milhares de quilômetros. Esse grupo, seguindo a caça do Norte, chegou até o Egito e depois a Israel, mas não há traços de seus genes no mundo moderno.
Registros climáticos indicam um breve mas devastador congelamento global nessa época que transformou que todo o Oriente Médio num deserto extremo. Presos no quadrante norte, perto do Saara, não havia retorno e havia poucos lugares para procurar refúgio.
Nenhum deles e nenhum de sua linhagem sobreviveram, eles morreriam numa seca severa há cerca de 110.000 anos. Seus ossos foram descobertos nas cavernas de Catzé, perto de Nazaré, na Galileia em 1933. Treze esqueletos frágeis, um deles era uma mulher com um bebezinho aos seus pés. Quando esses ossos foram descobertos, eram os mais antigos esqueletos completos do homem moderno até então encontrados.
Os vários esqueletos que foram encontrados em Israel no sítio de Catzé, mostram que havia humanos modernos fora da África há mais de 100.000 anos. Eles podem ter saído pelo corredor do Nilo, pelo Sinai, até o Oriente Médio, mas parece que eles não avançaram muito. De certo modo foi um beco sem saída.
40.000 anos se passariam antes que eles tentassem de novo.

80.000 anos antes de nós
Há 80.000 anos o mundo estava se esfriando de novo, mais uma vez as calotas de gelo estavam avançando e secando as terras.
A vida ficou muito mais difícil.
A África secou e com ela a água potável.
Registros dos oceanos mostram os níveis dos mares caindo dramaticamente, enquanto a água do mundo ficava presa no gelo.
Com a caça indo para o norte, os nossos caçadores-coletores foram obrigados a se tornarem pescadores e ocuparem as praias.

A nova Eva e a ocupação das praias
Esta é a nossa nova Eva, a nossa nova família, descendente direto das filhas da Eva genética original de 150.000 anos atrás, agora vivendo na costa e sobrevivendo do mar.
Os guerreiros voltaram sem comida e tiveram que encarar os mais velhos.
Toda nossa sobrevivência sempre esteve à mercê do clima e quando os tempos eram bons nós podíamos nos espalhar, e alcance maior significava mais comida, mas a Era Glacial congelou o mundo e os desertos se fecharam concentrando os grupos em territórios menores, amontoados junto à costa.
A dieta recolhida na praia consistia de peixes, mariscos, ostras e moluscos. Mas o Mar Vermelho ficou salgado demais e tornou a pescaria e coleta na praia mais difícil.
Até recentemente havia pouca evidência de que nossos ancestrais haviam ocupado as áreas costeiras da África Oriental ou explorado os recursos marinhos próximos da costa.
Este é S. Bergey, um geólogo. Em 1999 ele fez parte de uma expedição internacional procurando evidências de ocupação moderna humana na Eritréia. No Golfo de Zula, no Mar Vermelho, eles fizeram uma descoberta extraordinária de ferramentas de pedra que estavam incrustadas num antigo recife de coral fossilizado.
O recife foi datado de 125.000 anos, este é o primeiro bar de ostras registrando do mundo, 6,5 km de comprimento e 15 m acima do nível do mar atuais.
É a mais antiga evidência de coleta na praia em qualquer lugar do mundo. Enterrados nele estão ferramentas humanas junto com as ostras fossilizadas, moluscos, conchas e mariscos. Ele fornece provas absolutamente claras de que nossos ancestrais exploravam o mar.
Esta é a unidade onde nós temos uma camada de ostras interextratificadas e conchas de moluscos na base. Elas são bem horizontais, e essa era uma plataforma onde o homem moderno costumava andar e jogar as suas ferramentas de pedra e algumas das conchas que ele comia. Este é um machado de mão com uma ponta afiada, e algumas conchas que foram tiradas dessa camada. Eles usavam isso para quebrar as conchas e comê-las. E aí, quando eles terminavam de fazer isso, eles jogavam os machados e as conchas e iam para o outro lado. Mas a coisa mais importante não é isso, porque não podemos datá-la. É o que você encontra ‘in loco’ que torna isso  mais importante. Se você observar isso daqui, é uma ferramenta de obsidiana, e elas eram usadas para quebrar algumas dessas ostras que vemos aqui. Você não vê as duas completamente fechadas, porque foram quebradas e a carne foi comida. E essas foram algumas das ferramentas de pedra muito importantes que foram descobertas. Aqui é o primeiro lugar onde a coleta da praia de recursos marinhos foi documentada a nível mundial. (S. Bergey)
Esses restos de conchas também são uma pista vital das razões pelas quais os nossos ancestrais fizeram a longa caminhada para fora da África. Numa dieta constante de frutos do mar, talvez mais crianças tenham sobrevivido, mas os números crescentes tornaram a demanda de comida mais desesperada.
Acampamentos como estes deveriam totalizar apenas algumas centenas. Em cerca época havia apenas 10.000 humanos modernos vivos em todo o mundo. Éramos uma espécie em extinção como os grandes símios de hoje.

O êxodo
Quando o pescador com lança e coletor de praia fracassou em sustentá-los, eles não tiveram mais escolha. Para poder sobreviver tiveram que atravessar o Mar Vermelho. As condições de monções estavam molhando os convidativos montes verdejantes do Iêmen.
Os cientistas sempre pensaram que os nossos ancestrais migraram da África muitas vezes, grupo após grupo, e acredita-se que eles foram sempre para o norte, através do Egito e Israel modernos.
Mas o DNA nos conta uma história diferente.
O professor Steve Openheimer é uma das autoridades mais destacadas do mundo em pesquisa de rastreamento genético do DNA atual.
Combinando a árvore genética com os padrões climáticos pré-históricos, ele é o primeiro a propor a ideia de que os nossos ancestrais vieram da África por uma única rota ao Sul.
Esta praia fica na costa oeste do Mar Vermelho do lado africano. Do lado do outro lado nós podemos ver as montanhas do Iêmen. Acredito que foi for aqui que nossos ancestrais cruzaram a primeira etapa de sua jornada para o resto do mundo. Esses estreitos são conhecidos pelos pescadores locais como os “Portões da Tristeza” por causa das terríveis correntes que as cruzam. Mas há 80.000 anos o nível do mar estava 45 m mais baixo. Como resultado algumas ilhas de recife apareceram, o que permitiu que os nossos ancestrais cruzassem como se fossem pedras num jardim até o Iêmen. (Openheimer)
O homem teve que sair da África e a época e a rota foram determinadas pelas mudanças climáticas.
Levados pela fome, seu habitat destruído e talvez pelas primeiras inquietudes da curiosidade humana sobre a terra à frente, o nosso precioso grupo de humanos modernos se preparava para emigrar.
Duas rotas para fora da África, ao norte pelo Mar Vermelho, através do Canal de Suez até o Oriente Médio. E aqui pelo sul, pelos “Portões da Tristeza” até o Iêmen e através da costa sul da Arábia. As duas rotas são possíveis. Talvez, para atravessar pelo norte, os nossos ancestrais teriam que atravessar o Deserto do Saara, que na época era mais seco do que hoje. Aqui no sul, tudo o que eles tinham que fazer era atravessar esse pequeno braço de água, apenas 16 quilômetros, até o Iêmen. Então essa era uma região que eles podiam ir com confiança. Acho que essa praia é muito importante para a história da humanidade, porque eu acho que foi daqui que nossos ancestrais cruzaram da África para o Iêmen, no primeiro passo de sua jornada para o resto do mundo. Este era o único lugar do mundo onde eles tinham uma saída possível da África. Eu acredito que a jornada mais importante da raça humana começou a aqui nesta praia há 80.000 anos. (Openheimer)
Um grupo pequeno de pessoas no êxodo foi o evento mais importante para a população do mundo. Isso não foi uma simples travessia dos bancos de areia, foi um esforço épico para permanecerem vivos.

Iêmen
E aqueles que sobreviveram à travessia, que não sucumbiram aos perigos dos “Portões da Tristeza”, vieram para uma terra virgem. Esta é a nova fronteira para o começo do resto do mundo.
As praias do Iêmen ficavam na borda de um mundo quase vazio. O nosso grupo era dos primeiros humanos modernos, os primeiros de seu tipo fora da África sobrevivendo nesse lugar. Este grupo estava sozinho na fronteira de um mundo inteiro. A vida deve ter melhorado para os integrantes que atravessaram para o Iêmen. Para começar, a vida no Golfo de Arden devia ser muito melhor do que o Mar Vermelho. (Openheimer)
Diferente das praias áridas e salgadas que eles deixaram, o Iêmen era verde e fértil, cheia de água doce, caça e a sombra dos oásis. Era um ‘porto seguro’ para as famílias se fixarem.
Era provavelmente um grupo pequeno, talvez no máximo 250 pessoas. Eles deviam estar espalhados em unidades familiares de cinco a vinte pessoas, mas trabalhando em conjunto com os outros grupos da população. Qualquer número menor do que 200 não teria sido viável, eles não teriam sido capazes de aguentar as epidemias e a fome.
Sabemos que Eva e as suas filhas estavam entre os sobreviventes, porque  delas descendem todas as pessoas que vivem fora da África. A nova ciência do rastreamento leva à descoberta. Usando uma linha genética mitocondrial única e contínua, os cientistas construíram uma grande árvore genealógica apontando os marcadores, fixando-os no tempo e no espaço. Eles mostram que depois eles saírem da África, os nossos ancestrais se dividiram. Alguns foram para o norte e oeste e alguns para leste e sul. Quando eles deixaram na África e o Iêmen cada grupo senguiu o seu rumo e nunca mais se encontraram.
Quando o grupo chegou aqui eles deviam ter uma seleção de linhagens africanas. Um grupo de 250 pessoas com pelo menos 5 a 6 linhagens. Mas, depois de 1.000 anos, se essa população permanecesse isolada, no final essas linhas teriam sido cada vez mais reduzidas. O número total da população teria permanecido o mesmo. É parecido com um vilarejo gaulês ou um vilarejo das montanhas como um vilarejo da Itália, onde depois de algumas gerações todo mundo acaba tendo o mesmo sobrenome. Esse processo de redução das linhagens acontece em todas as comunidades pequenas e isoladas. (Openheimer)
Quanto menor e mais isolado um grupo é, mais rápido a linhagem do DNA mitocondrial diminuir para uma. não para uma pessoa ou mesmo para um grupo, mas para uma linhagem do DNA mitocondrial. Algumas mulheres não têm filhas, algumas filhas não sobrevivem, então, no fim, sobra apenas uma linhagem. Totalmente isoladas, elas podem procriar apenas entre elas mesmas.
Uma mapa genético mostra que levaria mais ou menos 1.000 anos para que a linhagem mitocondrial fosse reduzida a uma, uma linhagem genética compartilhado por todas as pessoas não africanas em todos os lugares através da história. Essa é a única linhagem que convence Steven Openheimer de que ele tem razão sobre nossa origem africana.
As implicações do êxodo único da África são enormes. Para começar, existe a observação simples de que australianos, papuasos, os sul asiáticos, chineses, índios americanos, europeus e indianos, todos vêm do mesmo pequeno grupo. Isso significa que este pequeno grupo diversificou-se enormemente nos últimos 80.000 anos em populações totalmente diferentes fisicamente em diferentes partes do mundo, e que se adaptaram física e culturalmente aos novos ambientes que encontraram e exploraram. (Openheimer)
Uma vez fora da África através do Golfo de Arden, as famílias que ficaram em alerta até que a variação climática permitisse que eles mudassem. seus descendentes seriam o povo do Oriente Médio se espalhando até a Europa 40.000 anos mais tarde, fundando cidades vibrantes e modernas que conhecemos hoje.

Outros continuariam depois do golfo indo para o oriente pelo caminho ao longo dos Oceano Índico, procurando por lugares quentes e agradáveis para parar. 6.000 anos depois de terem alcançado as praias do Iêmen, nossos ancestrais iriam para a Malásia.